sábado, 4 de setembro de 2010

O presente.

No dia que nasceu nossa filha meu marido, não sentiu grande alegria. Por que a decepção que sentia parecia, ser maior do que o grande conhecimento de ter uma filha.


Ah! Eu queria um filho homem!!


Lamentava meu marido.


Em poucos meses ele se deixou cativar pelo sorriso de nossa linda Carmenzita e pela infinita inocência do seu olha fixo e penetrante, foi então que ele começou a amá-la como loucura.


Sua carinha, seu sorriso não se apartavam mais dele. Ele fazia planos sobre planos, tudo seria para nossa Carmenzita. Numa Tarde estávamos reunido em família,quando Carmenzita perguntou a seu papai:


- Papai.... Quando eu completar quinze anos, qual será meu presente?


Ele lhe respondeu:


- Meu amor, vc tem apenas sete aninhos, não lhe parece que falta muito tempo para essa data?


Respondeu Carmenzita:


- Bem papai.. tu sempre diz que o tempo passa voando, ainda que eu nunca o tenha visto por aqui.


Carmenzita já tinha quartorze anos e ocupava toda a alegria da casa, especialmente o coração do seu papai.


Num domingo fomos a igreja, Carmenzita tropeçou, seu papai de imediato agarrou-a para que não caísse... Já sentados nos bancos da igreja, vimos como Carmenzita foi caindo lentamente e quase perdeu a conciência. Seu papai agarrou-a e levou imediatamente para o hospital. Ali permaneceu por dez dias e foi então quando lhe informaram que Carmenzita padecia uma grave enfermidade que afetava seriamente seu coração.Os dias foram passando, seu papai renunciou a seu trabalho para dedicar-se a Carmenzita.Todavia, eu sua mãe, decidi trabalhar, pois não suportava ver Carmenzita sofrendo tanto.


Numa manhã, ainda na cama, Carmenzita perguntou a seu papai:


- Papai? Os médicos te disseram que eu vou morrer?


Respondeu seu papai.


- Não meu amor.. Não vais morrer, Deus é tão grande não permitiria que eu perca o que mais tenho amado neste mundo.


Perguntou Carmenzita:


-Quando a gente morre vai pra algum lugar? Podem ver lá de cima sua família? Sabes se um dia pode voltar?


Papai:


- Bem filha,... Na verdade ninguém regressou de lá e contou algo sobre isso, porem se eu morrer, não te deixarei só , onde eu estiver buscarei uma maneira de me comunicar contigo, e em ultima instância utilizaria o vento para te ver.


Carmenzita:


- Vento? Como vai conseguir isso?


Papai:


- Não tenho a menor idéia filhinha, só sei que se algum dia eu morrer, sentiras que estou contigo, quando um suave vento roçar teu rosto e uma brisa fresca beijar tua face.


Nesse mesmo dia a tarde , fomos informado pelos médicos que nossa Carmenzita necessitava de um transplante de coração , pois do contrario ela so teria vinte dias de vida.


Papai:


- Um coração! Onde conseguir um coração? Um coração! Onde , Deus meu?


Nesse mesmo mês , Carmenzita completaria seus quinze anos. E foi numa sexta–feira a tarde quando conseguira, um doador. Foi operada e tudo saiu bem. Carmenzita permaneceu no hospital por quinze dias e nenhuma só vez seu papai foi visitá-la.Todavia, os médicos lhe deram alta e ela foi para sua casa. Ao chegar em casa Carmenzita com ansiedade gritou:


- Papai! Papai!... Onde tu estas?


Eu sai do quarto com os olhos molhados e disse-lhe:


- Aqui estar um carta que seu papai deixou para vc.


“ Carmenzita, filhinha do meu coração: No momento em que ler esta minha carta, já deve ter quinze anos e um coração forte batendo em teu peito, essa foi a promessa que me fizeram os médicos que te operaram.Não pode imaginar nem remotamente o quanto lamento não estar do teu lado neste instante. Quando soube que morreria decidi dar-te a resposta da pergunta que me fizeste quando tinha sete aninhos e a qual não respondi.Decidi dar-te o presente mais bonito que ninguém jamais faria por minha filha.. Te dou de presente minha vida inteira sem nenhuma condição para que faças com ela o que queiras. Vive filha!! Te amo com todo meu coração!!!”


Carmenzita chorou por todo dia e toda noite . No dia seguinte foi ao cemitério e se sentou sobre a tumba do seu papai; chorou tanto como ninguém poderia chorar.


E sussurrou:


- Papai... agora posso compreender quanto me amavas eu também te amava e ainda que nunca tenha dito, agora compreender quanto me amavas e ainda que nunca tenha dito , agora compreendo a importância de dizer –te “ Te amo” e te pediria perdão por haver guardado silencio tantas vezes.


Nesse instante as copas da árvores balançavam, suavemente, caíram, algumas folha e florzinhas, e uma suave brisa roçou a face de Carmenzita, olhou o céu, tentou enxugar as lágrimas do seu rosto, se levantou e voltou pra casa.

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